Archives for the month of: Abril, 2012

se a vida é um filme, nunca pares para as fotos. a foto é que deve representar um frame desse filme.

para que “às vezes” se concretize, é preciso exigir “sempre” – eis o porquê da (minha) radicalidade.

antes via glória em tudo o que era grande e pujante. hoje talvez tenha um olhar mais afiado, ou lentes de melhor alcance. antes via glória nas massas. hoje prefiro a simplicidade e o desconhecido. as massas são, conceptualmente, uma prova do engenho humano. a marcha não é mais ruidosa nas multidões? é! mas nas multidões perde-se a individualidade. nas multidões somos um par de botas e um contributo sonoro. que podridão! arrumem as botas, a marcha não passa de ruído de fundo…

…e descalço continuarei porque uma pessoa sente-se mais especial no meio de poucos do que no meio de muitos!

olhar para as paredes não é simplesmente nelas fixar o olhar. a sensação de estar confinado entre quatro paredes brancas é equivalente ao sentimento de um eremita que se isola no alto das montanhas, ou nas profundezas de uma gruta. é comum o desejo de distanciamento e consequente abstração. é no confronto com as quatro paredes, na disforia de toda a (aparente) excitação, que algo novo surge. a (aparente) excitação deve-se à regularidade do dia-a-dia. o dia-a-dia distrai-nos com desejos, sentimentos, necessidades, vontades. no confronto com as quatro paredes, o mundo surge-nos sem propósito. somos invadidos por pensamentos perturbadores, obscuros. no meu caso, imagino o mundo tal e qual como o percepciono, mas sem pessoas. criei esta imagem há muitos anos, desde o tempo que em mim reconheço existência. imagino cidades desoladas a serem varridas pelo vento, poeira numa dança caótica. tiro-lhes as pessoas para lhe tirar a consciência, e debato o porquê de existir algo em vês de nada. materializo as dúvidas existenciais nesta imagem. outros poderão eventualmente discutir a brancura das paredes, e o eventual preto que nelas existe… e não será tudo isto absolutamente imprescindível?